ARDIPITHECUS — WILLOW
ARDIPITHECUS é um álbum de R&B alternativo lançado em 2015 e distribuído pela Roc Nation, sendo a estreia da cantora WILLOW.
WILLOW é uma cantora, rapper, dançarina e atriz americana. Após fazer bastante sucesso com o seu single e clipe Whip My Hair, ela assinou com a distribuidora de Jay-Z, Roc Nation, eventualmente lançando seu primeiro álbum, ARDIPITHECUS. Algumas características marcantes da artista são a sua voz e sua grande gama de influências, indo de R&B e rap até mesmo pop punk.
Deixe me abrir este texto com uma advertência. Este é um daqueles álbuns quase que completamente fora do meu círculo musical, então por lógica não tenho muita experiência com o gênero para discernir o que foi bem implementado ou não e, especialmente aqui, é só minha opinião que está contida nesse texto. Com tudo isso dito, devo dizer que minha experiência com rap não é exatamente memorável. Eu tenho uma tendência, caso não tenha notado, de preferir as partes instrumentais de uma canção do que os vocais, não que eu não mencione-os quando são memoráveis. Por conta disso, rap não é algo que me agrada muito, já que o foco costuma ser muito mais no liriscísmo, rima e jogo de palavra, ou, de uma maneira menos “moleque branco de apartamento” de dizer, no rap, com um instrumental para dar suporte ao cantor. Querendo ou não, meu viés cai muito mais ao hip hop, por conta disso. Mas após ouvir algumas coisas da WILLOW, inclusive recomendadas de uma amiga próxima, meus ouvidos deram até uma balançada e a curiosidade foi despertada. Decidi então dar uma olhada no seu primeiro álbum e ver, quem sabe, eu expando meu gosto um pouco fora da minha zona de conforto.
Acho que a primeira coisa que me pegou foi a produção. Aqui, ela é muito mais pesada e menos limpa que a maioria das músicas do gênero. Os beats em si são bem mais agressivos dos que associo ao estilo, com características até mesmo lofi dentro dele. A produção do álbum tira samples de várias outras obras relacionados a música negra(funk, soul, jazz, etc), e usa aqui, mas contribuindo para um som bem mais industrial, e nunca perdendo realmente o sentimento humano, algo que costuma ser bem frequente em músicas superproduzidas. A própria WILLOW contribui para essa questão de agressividade. Ela tem uma voz incrível, com uma versatilidade gigante, indo não só de graves a agudos, como também mudando constantemente como sua voz é usada, indo muitas vezes de uma adolescente revoltada gritando com o mundo até uma grandiosidade cósmica que sabe de onde viemos, iremos e estamos, ajudada por vários arranjos vocais que ocorrem ao longo do álbum. Juntando tudo isso, gera um sentimento constante de “na sua cara”, gerando uma intimidade muito forte com uma agressividade e sinceridade muito passional a todo o projeto.
As letras das músicas são uma parte que me deixa de certa forma conflituoso. Gosto muito da abordagem, usando termos científicos, de maneira até mesmo religiosa, para tanto analisar e criticar a sociedade quanto para fazer declarações amorosas e sentimentais que a cantora tem que soltar. Mas ao mesmo tempo elas são escritas de uma maneira certamente imatura, já que a própria WILLOW é uma adolescente. Certamente nunca vi uma letra tão maravilhosa como Marceline, usando a imensidão dos cosmos para demonstrar o quanto uma pessoa é importante na vida da cantora, e como ela sente uma imensa falta dela. Mas há tantos momentos em que a própria escrita, seja por ser improvisada ou por conta da idade, que possui um pretenciosismo adolescente gigante, com uma pitada de “vivemos em uma sociedade”, fazendo com que a minha única reação sincera a tudo isso seja “minha filha você tem 15 anos”.
Mas acho o que mata o álbum para mim são as próprias canções em si. Como eu disse, costumo muito mais valorizar a parte instrumental de uma música do que a parte vocal, e por conta disso, 80% das faixas aqui não desceram. Elas geralmente tinham um gancho no começo, mas raramente desenvolviam em algo tangente, memorável e dinâmico. Juntando isso a um número absurdo de músicas contidas aqui, pode chegar em um momento que é bastante difícil de distinguir uma faixa da outra. Com certeza há exceções, como Natives of the Windy Forest, que não é longa demais para perder o foco, mas a maioria cai nessa descrição. Não só isso, raramente as canções mudam de energia e tom, sendo 100% raiva, revolta e agressividade o tempo todo, com alterações bem mínimas na instrumentalização e base das canções. Poderia ser algo facilmente consumível para um álbum de 30–40 minutos, inclusive muitos dos meus favoritos são assim, mas para um beirando 55, você acabe bem emocionalmente exausto a um dado momento, e só quer um alívio para você poder dormir um pouco, e continuar revoltado amanhã.
ARDIPITHECUS certamente poderia me ter causado um impacto maior, mas por conta de sua imaturidade, tanto em letra quanto em produção, ele acaba se tornando esquecível e entediante.
Classificação: 4/10
Melhores Músicas: Natives of the Windy Forest, dRuGz
Piores Músicas: Star, IDK, Waves of Nature
Semana que vem estarei fazendo Review do filme Guerra dos Mundos de Steven Spielberg. Tem alguma recomendação de álbum ou filme? Solta aí nos comentários!
Oinc Oinc
-O Porco