Ataque dos Vermes Malditos(1990)
Esta resenha possui spoilers leves para o filme.
Ataque dos Vermes Malditos é um filme de comédia lançado em 1990 e dirigido por Ron Underwood(O Ataque dos Vermes Malditos 2: Os Vermes Estão de Volta) que também o escreveu junto de Brent Maddock(O Ataque dos Vermes Malditos 3: De Volta à Perfection) e S. S. Wilson(O Ataque dos Vermes Malditos 2: Os Vermes Estão de Volta). O longa estrela Kevin Bacon(Footloose: Ritmo Louco)e Fred Ward(O Ataque dos Vermes Malditos 2: Os Vermes Estão de Volta).
Em um dia comum de suas vidas, Valentine McKee(Kevin Bacon) junto de Earl Bassett(Fred Ward) encontram estranhos eventos em sua pequena cidade de Perfection e acabam tendo de protegê-la de uma ameaça que pode estar além de suas mãos
Isso mesmo, estamos naquela época do ano. Onde há coisas estranhas saindo da escuridão. Onde os horrores que menos imaginávamos, aparecem para nos encontrar. Aquele feriado americano onde várias pessoas baseiam sua personalidade inteira nele. Isso mesmo, é o dia do saci, quer dizer, Halloween! Ou quase lá pelo menos, mas isso não importa. Como um bom sommelier tanto de cinema quanto de literatura, tenho um apreço por esta época do ano. Eu aproveito ela para entrar nas obras que fazem minha pele rastejar. Ou pelo menos tentam. Uma delas, que estava inclusive enrolando bastante para ver, é Ataque dos Vermes Malditos. Ele possui um status quase que lendário dentro da comunidade trash, e, após ver um vídeo do Red Letter Media falando a respeito do filme, eu sabia que tinha que essa demora tinha que acabar. Então o coloque na lista, e por muito tempo ele esteve lá, aguardando o tempo para ser visto. E, graças à forças além de mim, ele veio na melhor época que ele podia vir.
Mas dizer que este filme é um terrorzão trash é uma mentira, e eu só minto para o meu público quando lhe é conveniente. Eu colocaria ele mais como uma comédia de ação, como você deve ter percebido pela ficha técnica dele, mas não quer dizer que ele não pegue o horror como influência. O filme é composto por essas criaturas chamadas graboids, mas se você lê Duna você chama elas de Vermes de Areia, e se você lê Lovecraft você as chama de Chthonians. Mas mesmo não sendo uma ideia completamente original, não quer dizer que eles não usam e executam a ideia de maneira inovadora. Todos os truques de efeitos práticos estão aqui. Stop motion, maquete, fantoche(tanto eletrônico quanto manual), e muito mais, muitas vezes sendo utilizado múltiplos em uma única cena. Se você tem o olho para apreciar está arte, você não terá um momento de tédio quando os graboids aparecerem. A cinematografia também acrescenta a essa ideia, trazendo uma ilusão de escala às criaturas, e mostrando que os personagens estão em uma situação bastante fodida de ruim.
Mas o diferencial de Ataque dos Vermes Malditos é seu roteiro, e como ele usa o conceito de urgência e ameaça continuamente crescente. Os personagens não são imbecis. Talvez eles sejam bobos, ou pouco acadêmicos, mas quando a situação fica problemática, eles usam seu conhecimento, tanto da cidade quanto prático, para resolver as situações. Isso faz você não só se identificar com os personagens, como também torcer para eles, diferente de alguns filmes de slasher. Porém há um complicador, pois os próprios graboids também não são uma ameaça burra ou ilógica. Eles constantemente se adaptam às situações dos personagens principais, criando uma relação que deixa o filme bastante dinâmico, sempre com os monstros criando um problema, os humanos conseguirem uma solução, para depois as criaturas surgirem com uma nova dificuldade para os nossos heróis. Um outro fator que aumenta o “aproveitamento” do longa é como ele usa a Arma de Chekhov. Para quem não sabe deste conceito, basicamente ele diz que, se aparece um rifle no primeiro ato, até o terceiro ele tem que ser atirado, e essa ideia está em todos os canto de Ataque dos Vermes Malditos. Coisas que aparecem inofensivas no começo, voltam para atrapalhar ou ajudar os personagens mais tarde, depois de termos ciência de como a ameaça funciona.
Mas certamente há elementos do filme que pecam. Os personagens, algo elogiado no vídeo que me fez ver o longa, me deixaram conflituoso. Ambos os protagonistas tem seu momento, mas não são os mais memoráveis, seja em como são escritos, ou por alguma frase de efeito recorrente. Por outro lado, há a personagem de Finn Carter, que tem apenas a função de explicar o que está acontecendo para o mundo e ser tanto o interesse romântico do personagem principal, quanto alguém para ser sexualizada. As outras pessoas da cidade não são muito melhor, indo de “ok” para extremamente xenofóbicas, como os filmes da época eram em geral. Então se você for o tipo de pessoa que não consegue ignorar isso mesmo usando de todas as suas forças, que este texto seja um aviso. A comédia do longa também é algo que foi bastante 50/50 comigo. Havia piadas muito boas, me deixando algumas gargalhadas, mas outras, no entanto, que me faziam revirar os olhos com indiferença, algo bastante frequente se tu me conhece. Algo admirável é o fato de ele tentar usar a comédia baseada em personagem, que seria muito mais reações condizentes a eles do que piadas avulsas sem contexto. Mas há um problema muito óbvio com isso se você se lembrar do que falei anteriormente.
Ataque dos Vermes Malditos é um filme bastante divertido e memorável, apesar de cair em algumas armadilhas da época e não ter envelhecido da melhor maneira.
Classificação: 7/10
Semana que vem estarei fazendo uma resenha do álbum Native Dancer do Wayne Shorter e Milton Nascimento. Tem alguma recomendação de álbum ou filme? Solta aí nos comentários!
Oinc Oinc
-O Porco