Blackwater Park — Opeth
Blackwater Park é o quinto álbum de estúdio da banda de metal progressivo Opeth. Ele foi distribuído pelos selos Music For Nations e Koch, com a primeira colaboração da banda e de Steven Wilson como produtor.
Formada em 1989, em Estocolmo, Opeth é liderada por seu guitarrista e vocalista Mikael Åkerfeldt. O grupo possui uma vasta gama de influências, sendo algumas delas rock progressivo, folk, blues, música clássica e jazz. Ela também mistura todos esses gêneros com black metal, fazendo com que o grupo use uma variedade de instrumentos e técnicas em suas canções, indo desde o Mellotron até vocais guturais. A banda também fez raras aparições ao vivo para promover seus primeiros álbuns, mas, após o lançamento de sua obra mais consagrada, Blackwater Park, Opeth faz constantes turnês mundiais (interrompida momentaneamente por uma certa coisa que surgiu em 2020) .
EU ODEIO PROG METAL! “Ah mas você ouve prog…” NÃO É A MESMA COISA! Ele é simplesmente um dos subgrupos mais ridicularizados dentro dos projeiros fedidos com quem eu ando. E por bom motivo, basta pegar a banda mais famosa do gênero, Dream Theater, para ver seus problemas. Influência das grupos de metal dos anos 80, músicas desnecessariamente longas, técnicas que parecem estar lá apenas para massagear o ego dos músicas e pouquíssima, se não nenhuma, experimentação, o que vai contra os princípios do Prog. Mas, como tudo que é santo e/ou desprezível nesse universo fajuto, há algumas exceções dentro dessa categoria que me chama a atenção. Um deles, recomendado constantemente por uma amiga minha, é Opeth. Tendo ouvido apenas algumas músicas avulsos antes do álbum de hoje, Blackwater Park, eu não saberia dizer exatamente o que faz a banda destacar, exceto o fator “metal progressivo”, então será uma experiência interessante de qualquer maneira.
Acho que dizer que o instrumental do álbum é foda não faz justiça a ele. Os riffs são deliciosos de mais de ouvir, com todos os instrumentos complementando-o muito bem. Em questão de técnica dos instrumentistas, não há nada que decepciona aqui. As canções possuem elementos de rock progressivo, como é de se esperar, mas diferente dos seus contemporâneos, a música não possui coisas fora de lugar ou uma falta de feeling nela. As faixas realmente são sinceras, e dá para sentir que foram feitas com carinho e consideração na maior parte. Toda a estética do álbum é atribuído a algo que a banda pegou do black metal: os tons bastante melancólicos e músicas constantemente usando elementos gospels, como corais e afins, para criticar as instituições religiosas. Obviamente as canções são extremamente pesadas, mas diferente da maioria dos casos, eu gostei bastante de como implementado isso é implementado aqui, já que o tom não fica nisso 100% das vezes. Por conta dos elementos acústicos presentes, há um efeito de montanha-russa em toda a obra, com os momentos leves sendo constantemente usados para preparar uma quebra que ocorre com os momentos mais pesados e canções leves para não dar exaustão no ouvinte.
Os vocais, no entanto, é algo que fico misto. É o elemento que costumo me vender ou irritar no metal como um todo. Algumas vezes por ser muito exagerado como nos power metals ou algo irritante como na maioria dos subgêneros mais underground. E, se você ouviu Blackwater Park, já deve estar imaginado muito bem ao que estou me referindo: os guturais. Agora, é importante ressaltar que não estou dizendo que eles nunca são bons, mas há raros casos onde eu gosto, como por exemplo Dethlokk, que aprecio de uma maneira irônica. O que acabam tirando o gosto da técnica para mim é que parece que ela é implementada muito mais para deixar as canções mais pesadas do que algo para complementa-las. Inclusive, eu acho que isso acaba atrapalhando as mensagens políticas que muitas bandas de black tentam passar, com poucos vocais do tipo sendo realmente entendíveis. Aqui infelizmente não é diferente. A técnica, assim como na instrumentalização é perfeita, e o vocal limpo eu adorei. Ele combina com toda a estética estabelecida antes, e com ela que tive os momentos em que mais me senti imersivo no álbum. Mas tudo isso acaba sendo interrompido assim que o gutural entra. Ele acaba pairando lá, me distraindo, tirando sentimento que eu estava afundado antes.
O outro elemento do metal que acaba me incomodando é sua relação com estrutura. Alguns subgêneros como Djent e o próprio prog metal tentam fugir disso, mas uma das principais características que o estilo tem em seu cerne é a questão de sua estrutura rígida e simples. É muito raro ver alguma banda que consegue inserir um elemento de improviso e complexidade, sem perder a questão de peso, já que costumam ser elementos adversos quando se fala musicalmente. Logo, é difícil dele ser misturado com o prog, pois jazz, um estilo altamente definido por improvisação, é um dos seus principais componentes, e quando bandas o juntam com metal, acaba tendo que diluir um dos dois gêneros. As bandas tentam contornar esse fator fazendo com que algumas parte de suas músicas sejam mais leves improvisadas, mas elas ficam em geral muito quadradas e fora de lugar no todo, fazendo que eu não queira revisitar as canções. Isso também ocorre em Blackwater Park. Não há jazz nele como falando antes, mas eu me sinto muito mal por saber que tem pouquíssimas canções aqui que consigo recomendar sem medo, seja pelo fato delas durarem tempo demais e acabarem perdendo o flow, ou o mencionado “problema gutural.”
Por mais que o álbum possua elementos únicos e elaborados, Blackwater Park me frustra por cair em clichés tipicamente associados com suas influências e gêneros.
Classificação: 5/10
Músicas que Mais Gostei: Harvest, Patterns in Ink
Músicas que Menos Gostei: Blackwater Park, Bleak, The Funeral Portrait
Semana que vem estarei fazendo Review do filme Antes da Meia-Noite de 2013. Tem alguma recomendação de álbum ou filme? Solta aí nos comentários!
Oinc Oinc
-O Porco