De Volta para o Futuro Parte III (1990)

Suíno Artístico
4 min readSep 17, 2021

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Esta resenha contém spoilers leves para De Volta para o Futuro(1986) e spoilers pesados para De Volta para o Futuro parte II(1989).

De Volta para o Futuro Parte III é um filme de ficção científica e comédia lançado em 1990. Ele é dirigido por Robert Zemeckis(Forest Gump), que escreveu o filme junto a Bob Gale(Viagem Sem Destino). O longa é protagonizado por Michael J. Fox(Caras e Caretas), Christopher Lloyd(Anônimo) e Mary Steenburgen(Quase Irmãos).

Após receber uma carta falando que o Doutor Emmett Brown(Christopher Lloyd) está preso em 1885, Marty McFly(Michael J. Fox) precisa voltar no tempo para salvá-lo e poderem voltar para o futuro.

Acredito que qualquer pessoa definida como um Nerd, Geek, cinéfilo, virgem, e afins, tem um conhecimento, mesmo que só por nome, da trilogia De Volta Para o Futuro. Eu também sou um desses virgens, inclusive sendo uma das minhas franquias favoritas. E uma coisa que sempre admirei foi o trabalho de personagem que ela fazia. Ela pertence ao gênero de ficção científica, mas, diferente de muitas outras do tipo onde focam demais no “científica”, De Volta para o Futuro costuma usar isso de fundo, com foco nas intrigas e relações entre os personagens memoráveis da franquia. Sem contar do roteiro que amarra todos os seus elementos de maneira sútil e eficiente, contando uma história que dificilmente não lhe deixará engajado. Bom, pelo menos o primeiro filme é assim. Depois de ter revisto o segundo filme recentemente, me senti decepcionado ao ver que ele não chega nem perto do original, sendo muitas vezes desnecessariamente complicado. Ainda é divertido, não me entenda errado, mas não há muito motivos para vê-lo além da questão de curiosidade. Com isso dito, não estava muito animado para entrar no filme de hoje, De Volta para o Futuro Parte III.

Dizer que os aspectos técnicos do filme são excelentes não faz justiça a eles. Tanto o framing quanto o posicionamento de câmera consegue passar muita informação de maneira eficiente, sem perder o dinamismo. Toda a questão de ambientação e caracterização do filme emula o gênero de faroeste, fazendo você se sentir como se estivesse vendo um longa do tipo. Tanto a trilha sonora quanto o sound design do filme são completamente marcantes. O som do Delorean, os efeitos sonoros, e claro, o tema principal, são bastante memoráveis, e lhe deixam ainda mais engajado com o longa. A edição possui um timing impecável, quase que dando uma sensação rítmica à maioria das piadas do longa.

Com uma história mais focada em seu personagem, Christopher Lloyd (esquerda) consegue entregar uma interpretação magnífica.

Acredito, no entanto, que todo o cerne emocional da trilogia é a relação entre o Doutor e o Marty. Michael J. Fox interpreta o straight man perfeito a sua contraparte, reagindo a todas as absurdidades da situação onde ele se encontra, de maneira cômica e intrigante. Em contraste a ele, temos Christopher Lloyd, cuja atuação é muito mais absurda e exagerada, sendo o foco da maioria das partes memoráveis da franquia. Mas, apesar de suas atuações fenomenais como sempre, os seus personagens são bastante inconsistentes na parte III. Marty muitas vezes é irritante de tão idiota, atuando muito mais como um surfista imbecil do que necessariamente alguém que com um instinto de soluções práticas, e o Doutor, cujo foco científico e ansiedade eram o que o definiam, constantemente agia como um bobão apaixonado. E eu não tenho um problema com um personagem mudar, inclusive é importante para fazer um arco, mas é algo tão inconsistente e que poderia ser melhor executado, que acaba deixando um gosto ruim na boca. O romance do filme, também é algo mal desenvolvido. Clara Clayton é uma personagem que é introduzida como um interesse amoroso para Brown, porém, assim como muitas personagens femininas da franquia, ela é extremamente mal escrita, servindo a apenas ser o amor perfeito do doutor e, por consequência, alguém que atrapalha os planos e a dinâmica da dupla.

Por falar nisso, uma das principais características dos filmes é que eles são uma comédia de imprevistos. Como por exemplo no primeiro filme, em que Marty acidentalmente acaba em 1955 e, em teoria, deveria esperar uma semana quieto para poder voltar ao seu tempo. Porém a presença dele fez com que seus pais nunca se apaixonassem fazendo com que ele nunca tivesse nascido. Por tanto, em cima do fator de estar fora de seu tempo, Marty ainda precisa fazer seus pais se amarem novamente. Quando o filme pega desse tipo de dinâmica, ele costuma estar em seu melhores momentos, mas infelizmente isso não é muito frequente. Assim como a parte II, a parte III acaba mais dependendo da relação de nostalgia que o público, em teoria, possui com os filmes anteriores, do que necessariamente algo próprio de si. Não sei quantas vezes mais aguento ver a perseguição de skate, Marty acordando fora de tempo e o Biff caindo em um monte de estrume, sendo que a única diferença entre cada filme é a época em que cada cena se passa. Sem contar que várias das piadas do filme acabam dependendo muito mais de referências à coisas que já estão datadas, ou que o grande público não pegaria. isso faz com que haja muitas coisas desnecessárias no longa que na melhor das hipóteses pode gerar um “aah eu conheço este outro conteúdo cultural que o filme está me relembrando.

De Volta para o Futuro Parte III é um filme muito dependente de seus antecessores, sendo mais um desperdício de potencial do que uma resolução satisfatória à trilogia.

Classificação: 6/10

Semana que vem estarei fazendo Review do álbum Schlagenheim do black midi. Tem alguma recomendação de álbum ou filme? Solta aí nos comentários!

Oinc Oinc

-O Porco

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Written by Suíno Artístico

Olá estranho. Neste canto infortúnio da internet, há um porco fazendo resenhas de obras artísticas. Se isso não te estranha, bem-vindo e boa sorte

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