Embriagado de Amor (2002)
Embriagado de Amor (Punch Drunk Love) é uma comédia romântica escrita e dirigida por Paul Thomas Anderson(Sangue Negro). Ela estrela Adam Sandler (Gente Grande) e Emily Watson (Ondas do Destino).
Adam Sandler interpreta Barry Egan, um homem tímido e imaturo, porém muito propenso a surtos e ataques. Mas após encontrar-se com Lena Leonard (Emily Watson), ele decide ir atrás do amor da sua vida.
“Credo, que filme clichézão” é o que você diria após ler essa sinopse. Agora se tu me conhece pessoalmente a outra coisa que você poderia dizer é “Mas Porco, você não odeia o Adam Sandler?” e ambas as respostas dessas questões seriam respectivamente “Aí que você se engana” e “Aí que você está correto”. Porém há alguns detalhes que não estão a mostra na sinopse. Primeiro de tudo Punch Drunk Love (A tradução do título é terrível), é um dos dois filmes do Adam Sandler que está na Criterion Collection, sendo o outro Uncut Gems. Se você não sabe do que eu estou falando, basta perguntar para aquele moleque estranho com cara de goblin que está no canto da sala e fica falando sobre filmes iranianos do expressionismo alemão feitos em “1900 e alguns caralhos a quatro” do que estou falando, e ele provavelmente vai te dizer “só veja esse filme”. O outro fator seria o diretor deste longa, Paul Thomas Anderson, que fez filmes como Boogie Nights e Magnolia. Se falar este nome para o goblin anteriormente mencionado, certamente sugiro que corra se não quer ouvir um papo de 4 horas sobre cinema experimental. Sugiro, invés disso, falar com o porco do outro lado da sala, ele tem textos bem mais curtos. Eu no entanto, não sou muito fã dos filmes do dele, já que costumam ser grandes demais e desnecessariamente densos, mas também os vi quando ainda estava me verbalizando com o mundo cinematográfico, e talvez eu os revisite futuramente. Levando tudo isso em consideração, vamos falar de Punch Drunk Love.
Pela descrição, histórico do diretor e algumas imagens avulsas, eu sinceramente esperava um filme mais puxado para uma sútil melancolia e com um pé na realidade, mas não foi assim que fui recebido. O longa tem todo um aspecto de sonho, por conta de seu brilho e contraste visual, as situações esquisitas que ocorrem e a maneira como os atores falam e agem. Todo o trabalho de câmera do filme também é maravilhoso, sendo continuamente usado em cortes longos, sempre mostrando o que o personagem principal está focando. Inclusive as estruturas de cada cena usam de takes contínuos, que duram muito mais do que precisam, terminando geralmente em um inesperado acontecimento ou susto. A trilha sonora em si extrapola todos os sentimentos ocorrentes na cena, trazendo uma intensidade ou serenidade em cada momento do filme. Realmente se tem o sentimento de que nem você nem Barry pertencem a este mundo, e tudo é sempre parece muito estranho, dando um sentimento de incômodo ao filme inteiro.
Acho que ironicamente, o que segura toda a obra é o próprio Adam Sandler, ou melhor como ele é usado. Não consideraria ele um bom ator, nem em seus melhores filmes. Ele, no caso, apenas sabe fazer um personagem, o adulto crianção, e acaba sendo mais um mérito do diretor saber usar este arquétipo. Aqui também é feito isso, porém de maneira diferente. Ainda temos aqui um personagem imaturo, mas não o deixando irritante especificamente, mas apenas ingênuo. Muitas vezes ele não sabe como agir ou responder em diversas situações sociais, inclusive sendo este o catalisador de vários momentos de conflito do filme. O personagem também é impulsivo, muitas vezes resultando em problemas que acabam tomando proporções perigosas por conta de decisões que o mesmo toma. Inclusive toda estética do filme pode vir por conta de sua idealização de amores ou aquele sentimento de não pertencer. Acaba que você simpatiza com o personagem principal, não aceitando muito bem suas ações, mas sabendo muito bem de onde vem o sentimento por trás delas.
Mas acredito que a fraqueza do filme seja sua história. Apesar de poder ser argumentado que, como estamos no ponto de vista do personagem principal, o fato do enredo ser romântico demais é algo que parte de vista dele, mas ainda sim é algo que me incomoda bastante e é fora do que o diretor faz. Não entenda que o roteiro é ruim, muito pelo contrário, ele é extremamente irônico e sarcástico, contendo até algumas piadas recorrentes que talvez você só pega caso assista o filme de novo. Falo na questão de estrutura mesmo. O longa sempre age, de certa forma, meio imprevisível durante sua duração, porém seu final é algo que é, na melhor das hipóteses, fofo porém cliché, e na pior, não satisfatório. Sinto até necessário que o filme fosse mais longo, para poder dar um encerramento mais concreto aos arcos do filme, pois o que tem aqui, me dá um sentimento de inacabado ou apressado.
Punch Drunk Love, apesar de não pousar no final, é um filme muito bem feito, escrito e dirigido, com uma personalidade muito própria e segurando pelo que seria, em outra situação, sua maior fraqueza.
Classificação: 8/10
Semana que vem estarei fazendo Review do álbum ARDIPITHECUS da WILLOW. Tem alguma recomendação de álbum ou filme? Solta aí nos comentários!
Oinc Oinc
-O Porco