Manipulator — Ty Segall
Manipulator é o sétimo álbum de estúdio do artista Ty Segall, lançado pela distribuidora Drag City em 2014.
Ty Segall é um músico multi-instrumentista californiano que toca vários estilos, mas principalmente rock psicodélico e rock de garagem. Ele também colabora ou já colaborou em bandas como Fuzz, GØGGS e The CIA. Atualmente, em suas apresentações solo, ele perfoma com a Freedom Band.
Se você anda em qualquer tipo de blog, grupo ou subrreditt de Neopsicodielia, você verá três nomes serem repetidos constantemente: King Gizzard and the Lizard Wizard, Osees e, o assunto de hoje, Ty Segall. Confesso que desconheço muito da carreira dele além de umas músicas pingadas ali e aqui, e o primeiro álbum da banda Fuzz. Inclusive, este álbum foi uma das primeiras vezes que ouvi um hard rock agressivo misturado com psicodelia pesada, logo é um álbum que gosto bastante e possuo grande apego. Por conta de todos esses fatores, decidi dar uma olhada na discografia de Ty, começando com o álbum Manipulator.
Quando você coloca a primeira música, já é possível pegar as influências de cara. É uma mistura de banda de garagem dos anos 60, por conta de seus riffs bastante simples e ganchos/refrãos bem memoráveis, com uma psicodelia muito similar aos Beach Boys e Beatles no fim dos anos 60. Há também uma distorção presente na guitarra que é similar ao álbum do Fuzz, mas num contexto mais leve. Não vou mentir, é muito fácil para eu gostar dessas influências. Ty pega e usa muitas referências que cresci ouvindo e as emula de maneira eficaz. Muitas das músicas seguem essa fórmula, como por exemplo Tall Man Skinny Woman, the Clock e a música-título Manipulator. Porém há algumas músicas que fogem dessa regra. Os melhores exemplos seriam It’s Over e The Crawler, que se aproximam muito mais do Fuzz que as outras faixas. Ambas tem um tom pesado com distorção no talo, mas ainda mantendo a mesma base do resto do álbum. A performance dos instrumentos também são muito boas (tirando o solo de The Singer, puta que pariu), trazendo uma energia e groove bem pesados e, junto com o vocal agudo de Ty, eu acho difícil não ficar com as músicas na cabeça, pelo menos algumas.
Porém o meu problema com Manipulator é algo que gosto de chamar de “Síndrome de Álbum Duplo”. Geralmente tenho problemas com álbuns grandes porque eventualmente eles perdem o ritmo (sem ser no sentido musical da palavra) por terem muitas músicas. Prefiro muito mais ouvir um álbum de 30 minutos do que um de uma hora, que é o caso do álbum de hoje. A partir da música Green Belly, as coisas já começam a estagnar. As músicas ainda são de ótima qualidade e, talvez se não forem ouvidas uma seguida da outra, não traria esse sentimento de “putz isso de novo”. Tem claro alguns destaques. Como mencionado antes, The Crawler é uma ótima música que dá um peso ao álbum e o trocadilho de Stick Around ser a última canção funciona tanto no contexto da letra (pedindo alguém pra continuar do seu lado) quanto uma quebra de quarta parede, falando para o ouvinte ficar e ouvir mais. Mas as músicas que não possuem esse peso ou algum outro artifício chamativo, como por exemplo The Hand e The Feels, acabam se misturando com as demais. Até tentei ouvir novamente o primeiro álbum do Fuzz logo após escutar Manipulator, e minha cabeça ficou praticamente insana depois.
Mas apesar disso tudo, foi uma ótima experiência esse álbum. Mesmo tendo uma repetição maçante quando se vai chegando ao final do álbum, as músicas ainda são muito cativantes e eu mentiria se não dissesse que fiquei curioso de ver como Ty Segall usa as influências que ele mostra aqui, mas em outros contextos.
Músicas que Mais Gostei: It’s Over, The Crawler, Tall Man Skinny Woman
Músicas que Menos Gostei: Green Belly, The Hand, The Feels
Classificação: 7/10
Alguma sugestão de álbum ou filme para eu fazer review? Solta aí nos comentários.
Oinc Oinc
-O Porco
