World Music — GOAT
World Music é o álbum de estreia da banda de rock psicodélico e alternativo GOAT. Ele foi lançado em 2012 e distribuído pela Stranded Rekords na Suécia e Rocket Recordings no Reino Unido.
GOAT é uma banda sueca que surgiu da cidade de Korpilombolo (tenta falar isso 3 vezes mais rápida) com muitas influências de elementos africanos como afrobeat, worldbeat e voodoo, inclusive fazendo apresentações com máscaras e fantasias relacionadas ao último tópico. Ela mistura todos esses componentes com rock de garagem e rock psicodélico, dando um som único ao grupo e fazendo uma boa adição à gama da neopsicodelia.
Se você achou essa descrição da banda meio vazia, já começo me desculpando pois é muito difícil encontrar informação a respeito da mesma. Independente, GOAT! A muito tempo tenho tido interesse em ouvir essa banda. Assim eu já tinha escutado ela antes, mas apenas em músicas avulsos, como Gathering of the Ancient Tribes, Goatfuzz e Let It Bleed(que está nesse álbum inclusive) e, sem exagero em minha palavra, consigo dizer que amo todas elas! Todas as canções continham uma base percussiva muito forte, mas ao mesmo tempo uma agressividade bem pesada e energética, como é esperado da neopsicodelia. Juntando tudo isso às letras praticamente religiosas e tribais, fica muito fácil de eu gostar desse som. Então decidi colocar GOAT também na minha lista, com seu primeiro álbum, World Music.
Ao mesmo que não fiquei nada surpreso com o álbum, ele também me pegou… de surpresa. A energia, a percussão, estava tudo lá, claro, mas eu estava esperando ficar enjoado do álbum. Geralmente, quando eles são energéticos assim, quase que punk, eventualmente a obra fica desgastante e repetitiva. Mas aqui as jams não duram por um tempo absurdo e isso faz com que as músicas não cheguem ao “tá, isso tá chato”. Até mesmo Det Som Aldrig Förändras/Diarabi, que é a maior música do álbum, não chega a um ponto de irritação. É difícil dizer que as músicas não são repetitivas, mas há variedade o suficiente não apenas na instrumentalização, mas também na escolha dos tipos de música contidas no álbum, sempre lhe deixando balançado a cabeça.
Por falar nisso, a instrumentalização de World Music inclusive é fantástica! A percussão que mencionei antes, marca aqui a sua presença de maneira forte, segurando todas as músicas e até mesmo trazendo um fator funkeado para alguma delas. A influência dos gêneros africanos é fácil de notar, e casa muito com os elementos mais psicodélicos e pesados. Tanto a guitarra quanto o baixo também são extremamente agressivos, contribuindo ao fator energético do álbum. As melodias e riffs ferozes e rápidos da guitarra, junto ao baixo com distorção presente, cortam por todos os elementos da mix, quase que gritando na sua cara. Mas talvez o que mais chama atenção além da percussão, seja os vocais femininos. Não há exatamente um distinção entre front e backing vocal, já que ambas cantoras performam ao mesmo tempo. Elas fazem uma harmonia, claro, mas sempre juntas e de maneira bem agressiva, quase dando para ouvir as cordas vocais rasgando.
Outro fator que traz a World Music, e à GOAT em geral, algo muito próprio são os temas contidos nas canções. Como mencionado antes, a banda integram aspectos voodoos as suas músicas, mas o que isso quer dizer? Bem, a maioria delas assumem um tom quase religioso quando se olha as letras. Várias músicas começam com a palavra goat(Goatman, Goathead, Goatlord e Goatfuzz, que não está nesse álbum), não só apenas fazendo referência ao nome da banda, como também ao animal de origem da palavra(bode), cuja imagem possui vários significados em diferentes religiões. Há sempre um sentido de culto e celebração nas composições(Goarlord por exemplo) e nas letras, mesmo em músicas “não-religiosas”. O caso que fica claro disso seria Disco Fever, que pega muitos aspectos do gênero do título e aplica aos outros fatores mencionados antes, mas também trata o “Disco” como um tipo de entidade em si, e a dança é o sacrifício para satisfazê-la. Então dance!
Acho que eu não tenho real críticas negativas ao álbum, nada que atrapalhe a experiência, mas certamente consigo imaginar coisas que façam com que algumas pessoas possam acabar não gostando dele. O primeiro fator seria o que mencionei antes: a repetição. Como eu disse, nesse álbum ela não me incomodou, mas certamente pode parecer que as músicas são muito parecidas entre si, principalmente para alguém menos acostumado ao gênero. Junto a isso tem a questão de como foi gravado e composto o álbum, no caso as jams. Esse fator é algo que muitas pessoas não gostam e pode parecer até meio chato para quem não curte o estilo. Se você ouviu umas três músicas e não tiver curtido nenhuma delas, é pouco provável que você goste do resto da obra. O flow de World Music também é meio aleatório. A ordem das músicas me deixou questionando se não poderia ter sido reorganizada para melhorar o ritmo do álbum. Até poderia dizer que o primeiro lado é muito mais energético, e o segundo dá uma desacelerada, mas acredito que isso é mais eu dando sentido à situação do que necessariamente ter sido feito intencionalmente.
Apesar de não reinventar a roda, o uso de elementos percussivos a um som energético do rock psicodélico e o de garagem faz com que World Music tenha uma identidade muito própria dentro do círculo da neopsicodelia, e é um álbum fundamental para quem gosta do estilo.
Classificação: 9/10
Músicas que mais gostei: Goathead, Let it Bleed, Goatlord
Músicas que menos gostei: Diaribi
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Oinc Oinc
-O Porco