Álbuns que Me Impactaram em 2021

Suíno Artístico
7 min readJan 14, 2022

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2021 foi ano de muitos começos, como por exemplo, o nascimento do Suíno Artístico e, algo muito mais relevante para hoje, quando decidi ir atrás de novos artistas, novos álbuns e até mesmo gêneros fora do meu leque. Logo, decidi fazer uma pequena lista daqueles que mais me impactaram. No entanto, assim como na lista anterior, aqui não contém apenas discos que foram lançados em 2021, e sim os que encontrei em contato nesse grupo de 365 dias.

Blues for Allah — Grateful Dead

Blues for Allah foi me sugerido pelo meu grande amigo e colaborador, Kleverson Royther. Na época perguntei a ele algum tópico para uma live e, sem dúvida alguma, ele sugeriu este álbum. Apesar de não conhecer o disco antes da recomendação, havia poucas chances de eu não gostar, já que o meu gosto e do meu Deadhead favorito são bastante parecidos. O que não esperava, no entanto, era ter sido tão afetado pela obra. Graças a ela (e provavelmente aos esforços do meu camarada) tenho visto mais e mais da influência do Grateful Dead sobre a música, e de maneira surpreendente, no que já escutava. Comecei a notar mais grupos parecidos com a banda, no caso, aqueles que continham músicas com um som mais leve e mais improvisional, típico no rock anos 70. A maneira em que Jerry e companhia conduzem as canções é impressionante. É algo que chamaria de um caos controlado, já que ainda mantém uma lógica bastante coesiva, mas sempre levando para um local inesperado. Apesar de apenas haver uma canção longa aqui, no caso a faixa título que possui doze minutos, a obra introduz a muitos conceitos que o grupo usa em suas apresentações, fazendo ele ser um dos melhores pontos de partida caso queira conhecer a banda.

Destaques: Franklin’s Tower, Help On the Way/ Slipknot, The Music Never Stopped

Little Electric Chicken Heart — Ana Frango Elétrico

Little Electric Chicken Heart é um dos vários álbuns inesperados que ouvi esse ano. Fiquei meio em choque quando The NeedleDrop (que para quem não sabe é tipo este blog mas melhor trabalhado e também mais notório) fez uma resenha de álbum não só brasileiro, como também da cena mais alternativa. Mas ao mesmo tempo, ele não poderia ser nada além de brasileiro também. O disco faz uma mistura de MPB, samba, rock e até mesmo um indie moderno para criar canções que, sinceramente me cativaram de uma maneira que nenhuma outra banda da cena me pegou. O som tem uma característica que, por mais paradoxal que pareça, é grandioso e bombástico, mas ainda parecendo bastante íntimo para o ouvinte. Mas talvez a coisa que mais me atraia sejam suas letras. Elas são bastante sem sentido (que certamente é um positivo para mim), mas também possuem uma certo lirismo hipnotizador, principalmente o jogo de palavras e justaposições que Ana escreve. O seu único problema é que deveria ter mais faixas, já que toda vez que ouço ele, eu fico com vontade de ouvir de novo. Certamente, este álbum abriu meus olhos para ficar de olho, não só na própria carreira da cantora, quanto também de outros músicos nacionais.

Destaques: Se No Cinema, Tem Certeza?, Saudade

Lift Your Skinny Fists Like Antennas to Heaven — Godspeed You! Black Emperor

Lift Your Skinny Fists Like Antennas to Heaven é provavelmente um dos álbuns mais experimentais que escutei esse ano. O que isso significa para você fica a critério do quão frequentemente você acompanha grupos de música alternativa, já que por esses círculos, a obra é uma das mais elogiadas, junto de In the Aeroplane Over the Sea do Neutral Milk Hotel (mas tem um motivo para ele não estar nessa lista). Eu não sabia exatamente o que esperar antes de ouvir, e dizer que é fácil colocar em palavras o que é após ter ouvido seria uma mentira. Apesar de ser intimidador ver quatro faixas com cada uma de quase vinte minutos, não sinto que uma hora e vinte se passaram quando tinha acabado de escutar. No final das contas, é mais perto de uma experiência, e ela te puxa cada vez mais forte quanto mais fundo você está nela. O disco acabou me provocando sentimentos variados que iam da mais profunda alegria até a mais melancólicas das tristezas. Certamente é um dos álbuns mais únicos que ouvi, não só esse ano, mas também na minha vida.

Destaques: Só ouve tudo.

Butterfly 3000 — King Gizzard and the Lizard Wizard

Claro que tinha que ter um álbum deles né. Olha quem tá escrevendo o texto. Os meninos lançam mais um disco dentro de sua discografia já extensa, e devo dizer que este é um que fez o meu ano ser melhor. Dessa vez, o grupo foca mais em seus sintetizadores, especificamente os sequenciadores, dispositivos que geram uma melodia eletrônica pré-programada. Isso faz com que toda a estética do álbum seja “um quase eletrônica”, muito mais do que da última vez que fizeram isso em Fishing for Fishies. Uso esse termo “quase” pois ainda há elementos analógicos como baterias, gaitas, guitarras e outros instrumentos do tipo. Essa mistura, muito similar a Tame Impala para se ter uma referência, me atrai bastante, e traz um som, não surpreendo ninguém, extremamente psicodélico. Mas o que me pega de jeito nesse disco talvez seja seu tom. Em geral, o King Gizzard se mantém em uma área que varia entre agressivo até o sombrio, com algumas exceções ali e aqui. Mas em Buttefly, a alegria está praticamente no onze. As faixas tendo um som mais otimista e feliz do que qualquer outro disco do grupo, coloca o pop dentro da gama de gêneros com a banda já tocou. Se estou me sentindo muito para baixo, ou muito traumatizado, eu sei que consigo ficar inspirado e animado só de ouvir a primeira faixa chegando. Mas aí fica a questão. Se não é o King Gizzard que está no topo, qual o número 1?

Destaques: Interior People, Catching Smoke, Ya Love

Levitation Sessions — Osees

Um álbum que ouvi constante e direto? Levitation Sessions. Um álbum que me introduziu uma banda com uma discografia de 33 álbuns? Levitation Sessions. Um álbum que mudou completamente minha filosofia musical? Levitation Sessions. Um álbum que me inspirou a ouvir outra banda além de King Gizzard and the Lizard Wizard?? Isso mesmo! Levitation Sessions do Osees fez tudo isso, e talvez um monte de outras coisas que não estou lembrando agora. Apesar de eu ter colocado ele na lista, eu já fiz uma recomendação sobre o disco, então não vou falar dele especificamente. Na verdade, direi mais sobre a banda. Osees/OCS/The OhSees/Thee Oh Sees/Oh Sees é um projeto que certamente já teve um pé em cada coisa. O grupo já tocou folk, noise, algo parecido com Beatles sociopatas, e até mesmo um “Simon & Garfunkel drogado”. Mas essa descrição não faz justiça à variedade de sons que eles já fizeram, e nem ao o que o têm soltado recentemente. Com elementos de krautrock, punk, psicodelia e metal, a versatilidade do grupo traz uma energia descomunal à biblioteca de qualquer pessoa. Mas o fato de eles terem tanta coisa se deve ao fato de como Dwyer produz e pensa. No caso, ele só faz o que der na telha. As coisas não vão sair perfeitas, longe disso, talvez nem saia coisas boas, mas crie, produza, faça, pois o importante é que você fez algo e se divertiu fazendo, algo que tenho tentado carregar comigo desde que encontrei a banda.

Destaques: Chem Farmer/Nite Expo, Carrion Crawler, Together Tomorrow

E no final essa é a lista, e gostaria de agradecer às pessoas que acompanharam o blog até aqui(vocês sabem quem são). Este ano, aind estou com alguns planos, e com sorte, você ainda verá muito do Porco ainda. Muito obrigado e feliz 2020 2.0.

Semana que vem estarei fazendo uma resenha do filme Uma Cilada para Roger Rabbit de 1988. Tem alguma recomendação de álbum ou filme? Solta aí nos comentários!

Oinc Oinc
-O Porco

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Written by Suíno Artístico

Olá estranho. Neste canto infortúnio da internet, há um porco fazendo resenhas de obras artísticas. Se isso não te estranha, bem-vindo e boa sorte

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