Duty Now for the Future — Devo
Recomedado por Igor Franco.
Duty Now for the Future é o segundo álbum da banda de post-punk e new wave Devo. Ele foi lançado em 1979 e distribuído pela Warnes Bros.
Devo é uma banda americana formada em 1973 pelos irmãos Mark e Bob Mothersbaughs e Gerald e Bob Casales. Ela foi criada com a ideia de criticar o consumismo exacerbado presente da época, fazendo uma música que seria criada por robôs no futuro. Algumas das principais características memoráveis do grupo são o uso pesado de sintetizadores, humor surreal, presença de compasso atípicos e serem pioneiros na criação e execução de clipes musicais, moda durante os anos 80.
Tem algumas coisas no universo musical de todo mundo que simplesmente não desce a garganta, independente do quanto pareça a sua praia. No meu caso isso é Devo. Certamente amo o conceito da banda, usando toda estética repetitiva e sem conteúdo da música pop típica para criticá-la, e ainda tendo um conceito sci-fi bizarro por trás. Parece algo que já estaria escutando, se as canções em si não me deixassem irritado. Só sua música mais famosa, Whip It, é audível para mim. Todas as outras ou eram muito repetitivas ou não conseguiam segurar o conceito muito bem. O uso de eletrônicos, apesar de inovador, era bem tosquinho, e de um jeito que não me agrada. Tudo isso dentro do conceito da banda é exatamente a visão retrofuturista comercial que ela quer passar, mas acaba que eles sendo bem-sucedidos até demais, deixando a música em si difícil de consumir dentro das próprias mesmices. Quando me foi recomendado um álbum deles, Duty Now for the Future, talvez fosse a hora de eu realmente ver como é a banda a principio, e quem sabe quebrar essas ideias que já estavam na minha cabeça antes.
Nos aspectos técnicos, é o de se esperar de uma produção do final dos anos 70/começo dos 80. Por conta de uma maior comercialização da indústria musical, especialmente o rock, e também aos avanços tecnológicos do âmbito na época, as músicas acabam sendo muito mais “limpas” na mixagem. Não é no nível dos anos 2000 que a “sujeira” da fita sumiu, mas certamente ajudou a chegar lá. Os sons do período costumam ser bem menos ousados, muito mais chicletes e esquecíveis para poder vender o máximo o possível, mas dizer que a indústria da música pop algum dia não foi assim é também uma mentira. O fato da banda seguir esse caminho, novamente, reforça o conceito, mas acaba tirando um pouco da personalidade do grupo dentro da gama de outras bandas dos anos 80.
Sobre as composições, as músicas possuem alguns lados bons e ruins. Como mencionado antes, o uso de sintetizadores aqui é notável e é certamente interessante. Dá para se ver a transformação de seu uso como instrumento de fundo para um instrumento principal ou de base. Apesar de amar um synth quando implementado de uma maneira específica, aqui acaba me afastando um pouco, por conta do som muito mais próximo de um pop ou new wave e não um experimental ou agressivo/tosco, como por exemplo se veria em um álbum do Osees. Os compassos já me deixaram um pouco mais conflituosos. Pelo meu review de Lizard, já dá pra perceber que sou um homem que sabe apreciar um bom prog (a.k.a. um virgem), então uns compassos incomuns seriam bem o que gosto né. Mas não é o caso aqui. Algumas vezes é certamente interessante, mas parece muito fora de lugar na maioria das canções. O aspecto técnico é muito bom mas ainda deixa a desejar nas composições . Pode-se ter até um gancho muito interessante para as músicas, mas elas não acabam tendo variedade o suficiente para manter minha atenção.
Acho que talvez o que faz com que esse álbum vire “mais um new wave” para mim seja o vocal. Ele acaba tendo pouquíssima personalidade. Ele é competente em questão de técnica, mas parece que não foi pensando em nasa além disso também. Claro que se pode argumentar que tudo isso é o conceito do álbum, algo ficar tão robótico e sem característica que acaba criticando toda a questão das músicas pops formulaicas, mas isso acaba criando músicas pops formulaicas. Algo, no entanto, que é mais interessante seria os temas das letras das músicas. Há um humor presente aqui, sempre criticando a indústria musical e o consumismo exacerbado da época, tendo momentos de alto surrealismo e sarcasmo em todo o disco.
Duty Now for the Future apesar de ter algumas características que lhe dão uma personalidade, o seguimento à risca do seu conceito acaba fazendo com que ele se torne exatamente o que critica.
Classificação: 6/10
Músicas que Mais Gostei: Timing X, Red Eye, Smart Patrol/Mr DNA
Músicas que Menos Gostei: Blockhead, S.I.B. (Swelling Itching Brain), Wiggly World
Semana que vem estarei fazendo Review do filme Embriagado de Amor (Punch Drunk Love) do Paul Thomas Anderson. Tem alguma recomendação de álbum ou filme? Solta aí nos comentários!
Oinc Oinc
-O Porco