Twisted Crystal — Guerilla Toss
Twisted Crystal é o sexto álbum da banda experimental Guerilla Toss. Ele foi lançado em 2018 e distribuído pela DFA Records.
Guerilla Toss é uma banda de rock formada em 2012 na cidade de Boston, recentemente se mudando para Nova York. O grupo é consistido por Kassie Carlson(vocal), Peter Negroponte(bateria), Arian Shafiee(guitarra), Sam Lisabeth(teclado/sintetizador) e Stephe Cooper(baixo). Eles são conhecidos por terem uma vasta gama de influências e estilos, como Noise Rock, New Wave, Punk Rock, entre outros.
A lista tá me passando muito noise rock para ouvir esses dias né? Mas deixa isso quieto. Guerilla Toss sempre foi uma descoberta bastante interessante na minha coleção. A primeira obra do grupo com a qual eu entrei em contato foi o EP What Would the Odd Do?. Anthony Fantano fez uma resenha dele e elogiou bastante o trabalho. Apesar de eu não lembrar específicos do que ele mencionou, a capa da obra, que é uma arte completamente estranha e psicodélica, remetente à outras artes dentro da gama psicodélica. Logicamente eu tinha o dever de ouvi-lo, e acabei me apaixonando pelo som. Apesar de ser uma estética mais eletrônica, o grupo consegue deixar as canções energéticas, dançáveis e ainda por cima psicodélicas e experimentais. Tive que caçar um álbum deles também, este sendo GT Ultra, cujo som eu amei bastante e frequentemente reouço o pop absurdista que ele traz. Por conta também de trazer um som diferente para a neopsicodelia, fui atrás do resto da discografia do grupo, nos levando ao álbum de hoje, Twisted Crystal.
Assim como GT Ultra, o álbum possui o seu som eu aproximaria de um eletropop psicodélico. Em uma primeira ouvida o álbum parece utilizar de ferramentas mais eletrônicas, especificamente loops para criar toda a sua instrumentalização. Mas ironicamente não é o caso aqui, já que ele é constituído em sua maior parte por instrumentos acústicos e analógicos. Claro que ele tem elementos eletrônicos, inclusive tendo boa parte de suas características psicodélicas vindo de sintetizadores. Porém é certamente surpreendente o fato de sua base musical ser principalmente composta por guitarras, baixos e bateria, especialmente como o som é apresentado. Este fator traz à obra um “chão” que geralmente sinto muito falta em outras músicas eletrônicas, acabando por deixar as faixas muito mais pessoais, mesmo que os membros da banda estarem tocando da maneira mais robótica o possível. Mas não apenas o instrumental está seguindo este conceito. A questão vocal é perfeitamente ótima na questão de técnica, mas ela está tentando colocar o mínimo de emoção possível em sua performance. Essa “robotização” de instrumentos humanos junto da energia frenética do álbum é o que acabando o definindo, e é o certamente o que me deixa vidrado durante seus melhores momentos.
Uma outra questão de Twisted Crystal é como ele usa o seu tom experimental para estabelecer um efeito de puxa e empurra com o ouvinte. Como falei anteriormente, o álbum tem um ritmo bastante energético, com sons bem mais alegres e pouco agressivos, mas com esse elemento aparecendo de outras maneiras. Para contrastar com essa característica, há constantemente elementos avant-garde implementado nas músicas. Há, por exemplo, o uso constante de compassos quebrados. Isso não é algo muito perceptível ao ouvido não treinado, mas no momento que tu perceber que acompanhar o ritmo desse álbum “dançante” é muito complicado, sentirá na pele esse elemento anormal. As letras também contribuem a essa sensação alienígena, tanto no sentido de estranhamento quanto no sentido usado para SciFi. As canções possuem temas bastante fora do comum, como por exemplo Meteorological, que é sobre uma mulher que quer ter uma beleza natural, como a de fenômenos naturais, e Jesus Rabbit, que é exatamente o que você está pensando. A escrita parece ser feito por um alien ou alguém fora do nosso mundo e cultura, mas que ouviu nossa música e está tentando replicá-la, mesmo estando fora de nossa sociedade, muito similarmente ao trabalho de DEVO em Duty Now for the Future.
Mas infelizmente nem tudo aqui são rosas, e muitos dos pontos positivos que mencionei antes, acabam saindo pela culatra ao decorrer da obra. O álbum não é longo, inclusive ficando abaixo de 30 minutos, mas por conta da questão mencionado dos “loops”, acaba que ele fica muito repetitivo muito rápido. Sem contar que, mesmo as faixas ainda terem ganchos muito fortes, a estrutura de cada uma acaba sendo muito similar, e deixa um sentimento persistente de tédio quando se está no lado B. Não todas elas que sofrem disso. Come Up With Me ainda é uma das canções favoritas, por exemplo, e eles até tentam dar uma desacelerada na canção Walls of the Universe, apesar dela acaba tudo tendo um sentimento muito monótono. As letras também acabam perdendo muito do seu atrativo. As estranhezas da escrita eventualmente só chegam em você como mais parte do som que se tornou bastante enjoativo. No final das contas é aquilo que ocorre frequente com álbuns experimentais: quando você se acostuma à estrutura (ou à falta dela), ela perde o que parecia tão interessante.
Twisted Crystal possui o som intrigante e único da bandas, mas acaba caindo ficando enjoativo depois, mesmo não durando muito tempo.
Classificação: 6/10
Músicas que Mais Gostei: Come Up with Me, Magic Easy, Metereological
Músicas que Menos Gostei: Walls of the Universe, Green Apple, Jackie’s Daughter
Semana que vem estarei fazendo uma resenha do filme Ataque dos Vermes Malditos de 1990. Tem alguma recomendação de álbum ou filme? Solta aí nos comentários!
Oinc Oinc
-O Porco